Normalmente, os animes que possuem um final trágico, estúpido ou pouco convencional acabam por chatear os fãs, dado que estes esperam, na maior parte das vezes, por uma alternativa que consiga fazer com que o anime termine tão bem tal como começou, normalmente imaginada como uma nova temporada. Só que isso quase nunca acontece, simplesmente pelo facto de esses animes possuírem um enredo bastante inflexível, fixo, muito rígido, em que qualquer alteração poderá deitar todo o projeto por água abaixo. E para proteger os seus interesses, os produtores desses animes não investem em segundas temporadas, porque sabem que todos os esforços físicos, económicos, etc., serão totalmente desperdiçados na tentativa de reverter ou progredir aquilo que deveria ter continuado pausado. Simplesmente, o que acontecerá será uma fusão entre os últimos episódios do anime (a sua informação: personagens e objetivos) com a estética do primeiro episódio, o que acabará por fundamentar uma história dentro de uma outra história. Todos os mistérios que desconhecíamos até ao fim dos episódios já foram conhecidos por quem os assistiu e a criação de uma sequela neste tipo de séries deixa-la-á "sem sal".
Um exemplo de um anime que sofreu a este tipo de atentado é "Senki Zesshou Symphogear". A primeira temporada foi curta e épica e ficou muito bem assim. Além disso, esse é daqueles animes que possui um enredo fixo e que não deveria ser mais mexido após o seu termínio. Não Deveria. Mas foi mexido e a temporada posterior ficou horrível. Aliás, devo dizer que nem sequer consegui ver o primeiro episódio todo da mesma, precisamente pelo facto de já ter todo o conhecimento acerca do anime, anteriormente, não havendo, deste modo, adrenalina, nem vontade de assistir. O que o pessoal se lembrou de fazer foi colocar os protagonistas a repetir o que estavam a fazer no primeiro episódio de todos. Não é preciso ser vidente para entender que tudo o resto será praticamente igual.
Se na primeira temporada, o SZS já possuía uma legião incontável de haters (sabe-se lá porque razão), então imaginem agora, com esta nova atrocidade.
O responsável por isso tudo >:-(
Por outro lado, graças a produtores inteligentes, certos animes como Gantz, Mahou Shoujo Isuka e Elfen Lied não foram vítimas dessas pestes denominadas como "novas temporadas", mesmo tendo em conta o final totalmente retardado a que essas três obras foram submetidas. Porém, optar por não mexer mais nesses animes foi uma escolha genial, pois, dado o facto de possuírem um enredo inflexível ou impossível de progredir (levando-o regredir, neste contexto, enfim), atiçar novas sequelas aos animes seria suicídio puro, a destruição de uma obra de arte. É verdade que no caso do Gantz e Elfen Lied, continuam muitas questões relevantes no ar que não foram esclarecidas nem ao fim da série, mas criar uma nova adaptação apenas para responder a essas perguntas não é muito viável. É quase-exatamente por isso que existem os mangás, que podem desempenhar essa função de esclarecimento. Curiosamente, enquanto um anime já está terminado há anos, o último capítulo do seu respetivo mangá poderá ter acabado de sair no dia 26 de fevereiro de 2016.
Vejam o exemplo de outro anime: Freezing. Saiu uma nova temporada do dito cujo, mas eu realmente não estou a imaginar qualquer inovação no mesmo, simplesmente porque o seu enredo não permite! Acabou aos primeiros doze episódios e acabou permanentemente, para quê continuarem com algo que dispensa qualquer tipo de continuação?
As "novas temporadas" são mais viáveis e pertinentes quando se trata de alguma série com um enredo bastante abrangente e variado, normalmente em histórias que demoram muito a terminar e possuem uma lógica de continuidade (ex: One Piece, Naruto, The Walking Dead) ou nos casos em que cada episódio conta uma história diferente (ex: Doraemon, Simpsons, How I Met Your Mother). Nesses casos, o que se pode notar de diferente numa temporada, no caso de ser, por exemplo, uma animação, é a mudança das roupas, melhoria da tonalidade de cores e uma alteração nos genéricos de abertura/encerramento.
Porém, nem todos conseguem escapar do mal das "novas temporadas". Por exemplo, no caso dos animes "Pokémon" e "Digimon", cujas histórias já remontam ao século passado, demonstram-nos também que, mesmo não possuindo um traço de enredo muito rigoroso, uma série é passível de ser estragada. Nestes casos, o que eu acho que conduziu estes animes à penúria foi uma tentativa de querer sempre igualizar todas as temporadas, exatamente da mesma maneira, alterando apenas as personagens. Uma lógica de progressão e continuidade que acabaram em regressão. Aquilo é tão repetitivo que se torna impossível de assistir, na minha opinião.
Se há coisas que não são afetadas pela epidemia das sequelas, são, definitivamente, os filmes: Shrek, Idade do Gelo, Velocidade Furiosa, The Pink Panther, entre outros. Talvez o Exorcista seja um dos únicos que "se deu mal" com uma adaptação posterior. Razão? É daqueles filmes com o tal enredo fixo e que não possui outra alternativa de fundamentação.
Resumindo e concluindo, eis a minha sincera opinião acerca de sequelas e novas temporadas em quatro sílabas: mariquice. Ao fim e ao cabo, acabam por promover um desgaste sucessivo da série a que está associada. Quando se trata daquelas que possuem o tal enredo flexível e abrangente, sinceramente, nem se nota a passagem das temporadas. És capaz de contabilizar uns 300 episódios ao todo em vez de um x por cada temporada.
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