Já tive obsessões com estrelas, dinossauros, matrículas de carros... mas nunca pensei em nada assim. Até se torna um pouco difícil imaginar-nos a pensar em tais coisas, sendo que já fomos todos bebés, tão inocentes, tão indefesos... e com o passar do tempo, cientes e repletos de ideias vingativas, nem que a sua execução dependa do referido substantivo para muitos outros humanos alheios...
Perdão por este parágrafo introdutório tão grande, nem me lembrei de me apresentar. O meu nome é Carlos Kuten, filho de pai português e mãe alemã. Tenho 19 anos e... odeio a minha vida. Se bem que odeio ainda mais a dos outros. E todos os dias penso nisto: será que posso sobrepo-la à dos restantes humanos? Creio que sim. Para dizer a verdade, tenho andado a pensar demasiado nisto, tanto que, de um modo singelo, acabei por pensar em vários planos que eventualmente conseguirão realizar os meus desejos. Sim, de um modo singelo. Sinceramente, esta minha tendência para o mal já nasceu comigo. Sinto que sou parte de Satanás... não que o seja, de uma maneira metafórica, relativa ao meu pai.
Já tinha dito que odiava a minha vida? E a dos outros também? Pois bem, repito. E tudo por causa de uma pessoa: a minha irmã. Ela chama-se Beatriz e atualmente, está grávida de 7 meses. Ela já teve o direito à sua própria casa, carta de condução e carro. Quanto a mim, sou um desgraçado. Não tenho direito a nada, a não ser a estudar, estudar, estudar. Todos os meus colegas já têm carro e alguns já têm a casa e a renda pré-paga pelos paizinhos. Sou o único que continuo a viver debaixo do mesmo teto onde nasci, rodeado pelas mesmas entidades que me observaram pela primeira vez. E embora tenham todas as possibilidades para fazer as necessidades à minha irmã, quando o assunto é sobre a minha independência, a resposta é sempre a mesma: "não temos dinheiro."
Isso revolta-me profundamente e eu tenho que pôr um fim nisto. Quero ser independente, quero que outras coisas novas e práticas entrem na minha vida. Quero estar longe da minha família e receber tudo o que eles atualmente possuem...TUDO! Mas eu já não vejo isso como um dilema, porque sei exatamente que torres precisarei de derrubar e quais as demolições que terei de arquitetar. Quando todas as elevações perecerem diante dos meus pés, construirei o meu próprio altar, num império independente.
Mas para o meu modus operandi, terei de continuar dependente de alguns fatores alheios. Sem a negrura da natureza, não estenderei o meu passo.
A morte é a única promessa que se concretiza realmente. Mas quando isso ocorrerá, ninguém sabe ao certo. Se eu pudesse, ao menos, adiantar o relógio da morte...
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